Exaltação



Reencontro


Andei num mundo vil que vil eu era,
Buscando amor e paz, felicidade!
Trocava as amarguras por quimera,
Fingia querer amar, por caridade

E o mundo de mentira e falsidade
Onde vagueei, fez triste este meu ser,
Até que, noite fora, essa verdade
Desconhecida em mim via nascer

A salvação é Cristo! Deus é Amor!
P’rá salvação há um Mediador!
Jesus morreu por toda a humanidade!

Dia após dia, a luz dessa esperança
Brilhou em mim e eu, homem-criança,
Em Cristo vi nascer a Liberdade!

Ressentimento 

Aquele coração humilde e bom
Que minha mãe me deu quando nasci,
Não tem qualquer valor, perdeu o dom
De perdoar, fui eu quem o perdi

Saudade, que saudade! O coração
Que aos mais humildes consolar eu vi,
Já não consegue dar consolação
Àqueles a quem tanto prometi

Senhor, vem dar-me forças, dar-me paz,
Bem vês que só por mim não sou capaz
De perdoar a quem me fez sofrer.

O orgulho e a vaidade vem limpar
Para que a quem me ofende eu possa dar
A paz e a alegria de viver!

Perdoa 

Eu sei que vivo em falta p’ra contigo,
Que vivo sem viver na Tua luz,
Eu sei que sou irmão, não sou amigo
E longe de ti vivo, meu Jesus!

Eu sei, não sei viver se estou sozinho
E meu agir, eu sei como te ofende
E quantas vezes fico no caminho
Se há um aliciante que me prende

Eu sei que este viver não vale nada,
É como areia em praia abandonada,
É barco em alto mar, sem direcção

Por isso, aqui me encontro humildemente
Pedindo a tua ajuda, sê clemente
É dá-me, Cristo Amigo, o teu perdão!

Senhor, não tenho forças p’ra pensar.
Se penso, o meu pensar não é seguro,
Se espero, essa verdade que procuro
É meu sofrer, Senhor, é meu penar

Quando em Ti vivo, vivo p’ra sonhar
Com sentimento são, imenso, puro.
E brilha a luz no meu solar escuro,
E sinto ânsia infinita de cantar

Desculpa, Deus, desculpa, Pai Celeste,
Meu coração  sem cor, minha alma agreste
Que vive a profanar queixumes seus.

A minha crença em fogo prevalece!
Eu posso tudo em quem me fortalece!
E eu sei que a minha força és tu, Meu deus! 

Confiança 

És Tu, meu Pai Celeste, és Tu, Ventura,
Quem traz sossego e paz a este meu ser,
És Tu minha coragem, meu poder,
Alívio do tormento e da amargura!

És Tu a Luz de toda a criatura
Que vive neste mundo de descrer,
És Tu a sua força, o seu querer,
O fim do desespero e da loucura

Porém, o ser humano é ingratidão
E foge de ti, Pai, é a negação
Da sua própria espécie, do Amor!

Se alguém me perguntar quem és, não vou
Dizer somente: É Deus! Direi: EU SOU!
E mesmo o que não crê virá, Senhor! 

Prece

Estou aqui, Senhor, indiferente,
Vivendo na mais pura apostasia,
Fujo de ti, de mim, de toda a gente
Envolto nesta triste nostalgia.

Desejo caminhar e de repente
Eu não consigo. Triste esta apatia
Que nos impele a percorrer na mente
Caminhos que nos mentem cada dia.

Meu Deus, vem-me ajudar, quero sentir
De novo essa alegria, esse prazer
Que nos faz renascer, nos dá fulgor.

Eu quero olhar para Ti, ver-Te sorrir,
E descobrir que em cada alvorecer
Renasce em mim a chama desse Amor

Consagração 

Senhor, ouve o meu grito, a minha voz!
Tu sabes bem de o meu viver incerto,
Longe de Ti, quem sabe, aqui, tão perto,
Envolto em meus problemas, luta atroz!

Eu sei, conheces bem o meu viver,
A minha estranha forma de lutar,
Esta energia forte a despontar
E não saber sequer como o fazer

Usa, Senhor, a força que em mim vive
Para que possa em Ti sentir-me livre,
Clamando a toda a gente com fervor!

Aqui me tens, Senhor, toma meu ser,
Transforma-o como bem Te apetecer
E ensina-o a falar do Teu amor!

Meu Deus… 

Quando chegaste em dia de alegria
A minha casa onde há paz e amor,
Eu partilhei o pão de cada dia
Contigo, à minha mesa, meu Senhor.

Mas, de repente, toda essa harmonia
Num ápice ruiu e ao meu redor
O bem e o mal brincaram à porfia
E tudo se transforma em grande dor.

E em oração me achego a ti, meu Deus;
Pedidos mil se elevam para os céus
De amigos sem ter fim, num só clamor!

E, em Tua meiga voz, disseste: Amigos,
Ó! vinde a mim, cansados e oprimidos
E eu vos livrarei de toda a dor!

Quem fez o mar imenso que se estende
De terra em terra, pleno de alegria,
Corais e peixes, vida que se entende,
Se extingue, se renova, se recria?

Quem fez brilhar o sol que nos acende,
A chama do amor em cada dia
Quem fez a lua que nos surpreende
Sempre a girar, tão cheia de harmonia?

Quem fez as fontes, rios e animais,
As aves em chilreios matinais,
As flores, cada qual com seu matiz?

Quem fez o ser humano assim, perfeito
E o vale tão profundo e escorreito?
Eu sei! Foi Deus. Por isso, eu sou feliz!

Samaritana 

Foi tormentosa a rota que seguia
E ao chegar cansado, envolto em pó,
Era bem grande a sede que sentia
Quando parou no Poço de Jacó.

Havia uma mulher que ao meio-dia
Ali se deslocará triste e só.
E, ao vê-la assim o Mestre lhe pedia
Lhe desse de beber, tivesse dó.

E, saciado, Cristo de repente,
Lhe disse: - Terei sede novamente
Bebendo dessa água que me dás.

Por isso, dar-te-ei água diferente
Que te fará feliz eternamente
E lá no céu viver conforto e paz.

Ouvimos teu chamado pela mulher
Que viste junto ao poço de Jacó,
De como conhecias seu viver,
Do rumo que levava, triste e só.

Queremos dessa água  receber
Para poder livrar-nos desse pó
Porque essa água nos faz renascer
Da vida que atormenta e mete dó.

Fica connosco, dá-nos a alegria
De renascer contigo em cada dia
E ter-te a nosso lado bem presente

Que para nós o tempo do passado
Jaz esquecido algures, em qualquer lado,
E o mundo para nós é tão diferente!

No Templo 

O templo estava feito num mercado
E havia ali imensos peregrinos
Comprando aves, bois e cordeirinhos
Para se redimirem do pecado.

Numa algazarra, os vendilhões, ao lado,
Apregoavam gado, vasos, linhos…
Jesus chegou, olhou, apavorado
Gritando a quem cruzava seus caminhos:

- Deixai em paz a Casa de Meu Pai
  Hipócritas, com a confusão findai!
E a todos expulsou, envolto em dor.

No templo a multidão foge e se agita
O povo, os sacerdotes, tudo grita
Perante esta revolta do Senhor! 

Natureza 

A minha amiga surda, a natureza,
Falou-me esta manhã em poesia,
Falou-me de alegria, de tristeza,
Falou-me de ternura e simpatia.

No azul, no verde-rubro, singeleza,
Nos campos e nas flores, no céu, dizia:
- Quem foi o Pai de tão rara beleza?
- Foi Deus-Amor, Deus-Paz, Deus-Alegria

Virado ao céu, contemplo o azul sem fim
Com misticismo tal que sinto em mim
Como o sair dum vale bem profundo

E sonho, e quero ver o mar brilhante
Que vive no meu ser em cada instante,
Levando-me consigo a todo o mundo.

Jerusalém 

Como era triste o rosto do Senhor
Olhando lá do alto da montanha.
Sabia que a cidade do amor
Em breve ia passar por dor tamanha…

Dizia a profecia que algum dia
Soldados entrariam na cidade
E tudo o que na frente lhes surgia
Seria derribado, sem piedade.

Jerusalém que matas teus profetas,
Irás viver as horas mais incertas,
Teu povo será pária em todo o lado.

Será levado p’ra todo o lugar,
Irá passar tormentos de pasmar
E assim pagar o preço do pecado!

A Ceia 

Havia um ritual dos mais antigos
No qual se repartia o vinho, o pão.
Por isso, se juntou com seus amigos
P’ra partilhar aquela refeição.

Era costume haver alguns escravos
Que ali ficavam para refrescar
Os pés doridos desses convidados
Num ritual, para os “purificar”.

E foi então que Cristo, de repente,
Se debruçou perante aquela gente
E lhes lavou os pés, com humildade.

E cogitaram. Ninguém entendia
Que aquele gesto simples lhes abria
Caminhos para a sua liberdade!

Pecadora 

O dia fora longo e se juntaram
No lar dum publicano. Era Simão.
No meio da cidade se encontraram
E combinaram essa refeição.

Tinham pés sujos. Eis que não chegaram
Os servos para aquela ocasião.
Pensavam p’ra consigo: não passaram
P’lo ritual da purificação.

Foi quando essa mulher entrou em cena
Com frascos de alabastro e alfazema
E se lançou aos pés do Salvador.

As lágrimas corriam pela face
E ali, arrependida, sem disfarce,
Chorando, lava os pés do seu Senhor!

Paixão de Cristo 

Corria a hora nona e Tu, ó Cristo,
Pregado em rude lenho te encontraste.
Depois, bradaste aos céus em alto grito:
Pai meu, Pai meu, porque me abandonaste?

Pediste de beber e desse misto
De vinho azedo e fel te saciaste.
E num suspiro intenso e já previsto,
Numa agonia atroz, só, expiraste!

Morreu o Salvador! Na tarde escura
Clamores sem fim se elevam à procura
Do Deus de amor, do Deus da liberdade!

Da tumba, após três dias, ressuscita
E uma multidão de humildes grita:
Jesus é salvação, eternidade! 

Talvez Um Dia 

Talvez um dia eu vá ter o ensejo
De visitar a terra onde nasceu
Esse Menino lindo que eu almejo
Um dia venha a ser modelo meu.

Talvez um dia, o dia eu não prevejo
Mas sei que um dia, o dia será meu.
Que, na verdade, o dia que eu desejo
É o dia em que estaremos lá no céu.

P’ra mim, o importante é no momento
Viver consigo no meu pensamento,
Sentir sua amizade e companhia.

De resto, visitar coisas do mundo,
Não é esse o desejo mais profundo,
E eu hei-de lá chegar, talvez um dia! 

Profecia 

Nabucodonosor sonhou um dia
Com uma estátua paradoxal.
O que queria dizer era imortal,
Não mago nem astrólogo sabia.

Chamou caldeus e sábios, Dizia:
- Do sonho me esqueci. - E no final
A todos ele a morte prometia
Se não o libertassem desse mal.

E foi que um prisioneiro se lembrara
Dum servo seu que na prisão ficara
E revelara sonhos sem igual. 

Chamaram Daniel. Com destemor
Foi dar ao rei recado do Senhor:
A estátua era a história universal.

 Templo 
Ó, como é bom sentir tanta harmonia
Neste lugar solene e majestoso.
Ele nos traz momentos de alegria
E cria sentimentos de repouso.

Ó como é doce e calma a melodia
Ouvida num lugar tão piedoso.
Ela nos leva a orar e nos envia
Mensagens jubilosas e de gozo.

E envoltos num silêncio de espantar,
Aqueles sons se espalham pelo ar
Criando em nós sentido de humildade.

E todo este ambiente nos incita,
Agride, nos impele e nos agita
Trazendo tanta paz, serenidade! 

Tempestade 

Ali no barco tudo está aflito
Que o mar em fúria não vai acalmar
E entre confusão e tanto grito
A gente apela aos céus para ajudar.

- Chamai o Mestre, o mar está revolto
  E todos nós iremos perecer.
 O barco anda à deriva, o cabo solto,
 E não vemos ninguém p’ra nos valer

- Porque temeis? Ouvi a vossa prece.
 O mar, o vento, tudo me obedece
 E num só gesto  todo o mal passou

E o Mestre deu dois passos adiante,
Ergueu seus braços e no mesmo instante
Aquele mar em fúria se acalmou! 

Zaqueu 

Andava o Mestre por Jerusalém
Pregando a toda a gente com fervor
E ali, entre a folhagem, viu alguém
Que o escutava atento, sem temor

E junto àquela árvore se detém
Dizendo para o homem com vigor:
- Desce daí porque hoje me convém
  Jantar contigo no teu lar de amor.

Zaqueu, doutor da lei e fariseu,
Ao conyemplar o Mestre percebeu
Que sua vida estava diferente.

E neste encontro pleno de amizade
Reconquistou aquela liberdade
Que nos conduz a Cristo para sempre!

 Sermão da Montanha

O bom Jesus falava à multidão
Do alto da montanha. E toda a gente
Ouvia Cristo e, abrindo o coração,
Ali permanecia tão contente

Felizes os que sofrem que algum dia
Terão seu galardão no Novo Lar,
Felizes os que choram que a alegria
Um dia para eles vai voltar

Com todos que etiverem ao teu lado
Sê sempre carinhoso e dedicado,
Partilha o que tiveres p’ra partilhar

Que tudo o que fizeres a teu irmão
De mim receberás o galardão
Um dia, quando em glória regressar.



 Bill Santos 
Vi-te chegar, com teu sorriso brando,
Sempre contando histórias de encantar,
Vi-te sorrir, do Salvador falando,
Nessa alegria imensa de pregar,

Depois, emudeceste... e, eis senão quando.
Lançaste a profecia ali no ar...
E assim, pudeste nesse lume brando
A história do Universo desvendar...

E eu via o Salvador p'ra mim sorrindo,
O meu temor fugindo, se esvaindo,
E o coração bradando em altos prantos...

Bem hajas, pregador, porque algum dia -
Está Escrito - cheios de alegria,
Iremos com Jesus, pastor Bill Santos


Chegou a Primavera. Que alegria
Sentir a natureza ao meu redor,
Ouvir o rouxinol, a cotovia,
Cantando para nós canções de amor!

Ó como é linda e suave a melodia
Da flauta que da boca do pastor
Espalha pelo ar essa harmonia
Que cria em nós momentos de louvor.

Que lindas borboletas, tão singelas,
Repara bem, parecem aguarelas
Pintadas pelas mãos de um querubim!

O mundo à nossa volta está em festa,
A Terra se transforma numa orquestra
Tocando sinfonias sem ter fim!

Velhinho 

O seu olhar tão triste e delicado,
Amargurado e cheio de incerteza,
Parece transmitir-nos um recado
De como a vida às vezes nos despreza.

E ao vê-lo assim, inerte, inanimado,
Tão magoado e cheio de tristeza,
Meu coração se sente amargurado
Por ver o mundo agir com tal frieza.

Quisera, amigo, dar-te a a minha mão,
Sentir pulsar em mim a gratidão
Do teu olhar soturno e maltratado.

Vem, dá-me o teu abraço, meu irmão
Que o teu sorriso faz meu coração
Sentir-se mais feliz, recompensado! 

Esperança 

Ali, onde o silêncio se mistura
Com choros e lamúrias sem ter fim,
Repousa tanta, tanta criatura
Coberta de açucenas e jasmim!

Um misto de saber e de ternura
De ódio, de afeição, coisas assim…
Ali aguarda toda a criatura
Que teve a sua vida de arlequim.

Pobres e ricos, sem ter distinção,
Novos e velhos, cheios de ilusão,
Fracos e fortes, gente de espantar!

E um peregrino sonho de criança;
Nascer, viver, morrer, ter a esperança
De um dia, triunfante, despertar!

Fome 

Estava a inocente criancinha
Deitada sobre um monte de farrapos.
Cobria o tenro corpo com dois trapos
E ali ficava à espera da mãezinha

Olhava ansiosamente para a rua
E ao ver a sua mãe que ali surgiu.
A doce criancinha lhe sorriu
Correndo ao seu encontro quase nua.

- Mãezinha, dá-me pão, tenho fominha!
- Não posso, meu filhinho! Não o tinha
Aquela pobre mãe que à fome mente.

E logo aquela pobre criancinha
Ao seu ventre encostou a cabecinha
E ali ficou inerte, indiferente! 

Islão 

Deixai o mundo árabe avançar
Na sua trajectória para a vida,
Fazei que as armas parem de troar
Nas vossas longas guessas sem guarida

Deixai aquele povo reencontrar
Na caminhada longa do porvir
P’los areais imensos do seu lar
O equilibrio que os faz sorrir

Deixai nossos irmãos, não é com guerra
Que um dia alcançaremos paz na terra,
Que a guerra é ódio e morte o que nos traz

E quando esse caminho for em frente
As armas vão calar-se de repente
E finalmente encontraremos paz. 

Renovação 

Na sua sabedoria,
Jesus Cristo me dizia:
 - Não temas nem tenhas pressa

  Porque se olhares bem o mundo
  Verás que num só segundo
  Toda a vida recomeça!  

Natal 

Vejam bem o desatino
Destes ilustres mortais
Deixar nascer o Menino
Num casebre de animais

Que frio, como está frio
Na choupana do Menino
Que se aquece co’o bafio
Da vaquinha e do burrinho

Vamos numa correria
Levar-lhe com emoção
O calor e a alegria
Que nos vai no coração

Neste dia de harmonia
E de paz universal
Façamos de cada dia
Mais um dia de Natal

Sem comentários: