quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Adriana Henriques


Adriana Henriques

Ai quem me dera abrir teu pensamento,
Deixar-me navegar num mar sem fundo,
Roubar-te o sol e nesse espaço-tempo
Incendiar teu peito tão fecundo…
Ai quem me dera, princesinha bela,
Nadar em cor, entrar nessa aguarela,
Alinhavando as rendas do teu mundo!

Há nessa tela um filho a irromper,
Enaltecendo a força que há em ti,
No teu olhar profundo de mulher
Resguardas o amor que existe em si…
Imensidão e sede de infinito
Que imerge em profusão em luz e cor,
Um filho a ser parido em tom aflito,
Envolto em extasia e no seu grito
Servindo a causa eterna do amor!

José Sepúlveda

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Subida ao Tronco


A subida ao tronco é uma tradição antiga dos poveiros.
No dia 8 de Dezembro, junto à fortaleza de N. Sr.a da Conceição, ergue-se um troco besuntado, no cimo do qual se coloca um bacalhau (às vazes acompanhado por uma garrafa de vinho do Porto).
Um ou mais corajosos vão assim tentar a sua sorte, trepar ao poste e levar para casa o bacalhau para a consoada. Bacalhau suado, sem dúvida.

Subida ao tronco

O tronco estava negro e encebado...
Mas, com um saco cheio de serrim,
Tentavas com teu ar determinado
Subi-lo ponta a ponta, até ao fim

No cimo, um bacalhau bem amarrado
E tu, olhando, olhando, ao vê-lo assim,
Pensavas com teu ar bem humorado:
- Aquele bacalhau vai ser pra mim

E eis que chega a hora da subida...
Então, sem dar tréguas nem guarida,
Te lanças com força, sem temor!

Contra a razão da força, com vontade,
Lutando contra a própria liberdade,
Tu mostras para todos teu valor!


José Sepúlveda

Conceição Lima


Conceição Lima

Com faz bem estar à tua frente,
Ouvir tudo o que tens pra nos dizer
Naquele tom de voz eloquente
Com que nos brindas sempre com prazer!
E nesse teu estar perante a gente,
I maginando um novo alvorecer,
Conspiras p’ra roubar num só momento
Ao tempo que te foge como o vento
Os versos que nos tarzes p’ra dizer!
 
Levanta-te, poeta, aonde fores
Intenta ser na selva vâ, medonha
Madrinha de poetas, de escritores,
A terna mão amiga de quem sonha!


José Sepúlveda

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Sabina sou

Pintura de Sabina Figueiredo

Sabina ….. sou

Deixai que o sentimento de mudança
Que vibra nas entranhas de meu ser
Transforme um lindo sonho de criança
Em telas transbordantes de prazer

Deixai-me ouvir a voz da esperança
Livrar-me das amarras, renascer
Num novo circuito de bonança
Liberta dos grilhões do meu viver

E ao raiar da aurora hei-de mostrar
Com traços de magia singular
O meu pintar tão cheio de ilusão

E em cada quadro irei a cada instante
Levar ao mundo aquela voz vibrante
Que faz pular tão forte o coração!


José Sepúlveda.

Meu barco

Pintura de Adiasmachado

Meu barco

Navego peregrino pela vida
Nas ondas mais revoltas deste mar,
O medo e a incerteza dão guarida
Ao meu estranho e incerto navegar.

E nesta senda louca, vã, perdida,
Por entre a multidão, fico a remar
Tentando ver ao longe uma saída
Que não consigo nunca vislumbrar.

Os magos e os duendes serpenteiam
Por essa embarcação e lá semeiam
Mentiras e promessas sem ter fim...

E nesse turbilhão imenso, agreste,
Agarro no meu remo e entrego ao Mestre
Que me sorri e diz: - Confia em mim!


José Sepúlveda

Sara Lima

Sara

Se tu soubesses bem quanta beleza
Anda escondida nesse coração,
Recomeçavas com toda a certeza
A tua estranha peregrinação.

Liberta-te das cordas, dos grilhões,
Indiferente a todo o teu sofrer
Mesmo que a vida cheia de  ilusões
A tente a toda a hora perverter!

José Sepúlveda

Folhas de Outono


Folhas de Outono

Folhas de outono, a natureza grita
À nostalgia de um verão passado;
A folha cai, a passarada aflita
Procura o seu refúgio em qualquer lado.

O equinócio dita a sua lei
E as árvores revestem-se de cor
O amarelo, o rubro, já nem sei
Que lindo manto, colorido, amor!

Folhas de outono, a terra geme e chora...
O brilho, a cor, a luz, irão agora
À tela do pintor dar cor e forma…

Antoin’ Lavoisier já nos dizia:
“A natureza nada perde ou cria
Mas por magia tudo se transforma!”

José Sepúlveda

Luísa Ramos

Luísa Ramos

Luisa, tens o dom da eloquência,
Um dom dos mais queridos que Deus fez;
Intentas ler com terna paciência,
Salientar em textos de excelência
As frases mais bonitas tu lês.

Relês o texto... Com trabalho e zelo,
A cada frase dás magia e cor;
Misturas as palavras... Com anelo,
O que parece tosco fica belo,
Sentindo-se em teu peito um grande amor!

Está em festa o mundo literário...
Meus parabéns, feliz aniversario!


José Sepúlveda

Teresa Teixeira


Teresa

Teus olhos, frescas fontes de bonanca,
Envoltos em correntes de esperanca,
Resvalam  em torrentes de paixão
Em busca do oceano puro e lindo,
Segredo dum amor imenso, infindo,
Aonde habita um grande coração.

Teus rosto, nesse rubro terno e doce,
 Expande-se na luz que te ilumina
Irradiando paz, como se fosse
Xabouco de água pura e cristalina...
Em toda a parte o teu sereno olhar,
Iluminando o mundo ao teu redor,
Reflete o teu sentir, o teu sonhar,
A vida no seu máximo explendor!

José Sepúlveda

Noite de Natal


Noite de natal

Dobrei aquela esquina. Ali num canto,
Um pobre vagabundo mais um cão...
Olhei com atenção... P'ra meu espanto,
O cão comia, o vagabundo não!

Nos olhos seus não vi temor ou pranto,
Nao senti dor, tristeza ou solidao...
O vagabundo olhava-o com encanto,
O cão lambia alegre a sua mão...

Ao longe, na mansão iluminada,
Ouviam-se cantar na madrugada
Cantigas de louvor ao Deus-Menino.

E o vagabundo olhava entre as estrelas,
Agradecendo ao cão as coisas belas
E a prenda que lhe pôs no sapatinho.

Josė Sepúlveda

Poema superiormente musicado com vídeo pelo meu amigo António Teixeira, a quem, reconhecido,  agradeço.
https://www.youtube.com/watch?v=wRY-IrRgots&feature=youtu.be

Feliz Natal


Feliz Natal

Neste Natal, a voz do pensamento
Irei lançar ao vento num clamor
E tu vais ser o eterno sentimento
Que guardarei no peito com amor.

E a luz do teu olhar em movimento,
Rasgado pelo tempo e pela dor,
Vai ser no nosso eterno firmamento
A estrela que irradia luz e cor!

Vem-me abraçar! No nosso sapatinho
Só quero o teu amor... E o teu carinho
Irradiará na pruma do pinheiro!

E num abraço puro e singular, 
No teu olhar meus olhos vão brilhar 
E então vai ser Natal o ano inteiro!

José Sepúlveda

Poema magnificamente ilustrado pela pintora Kika Luz e superiormente musicado com vídeo pelo meu amigo António Teixeira, a quem, reconhecido,  agradeço.
Poema superiormente musicado com vídeo pelo meu amigo António Teixeira, a quem, reconhecido,  agradeço.
https://www.youtube.com/watch?v=3C1DBhrTRFg


FELIZ NATAL - Pintura de Kika Luz


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Manuela Bulcão

Manuela Bulcão

Medi teus passos… Vi-te caminhar
Airosa, sem receios, passo-a-passo,
Num sítio, noutro sítio, a versejar
Um dia e outro dia, sem cansaço…
E quando nessas noites de luar
Levavas tua alma a passear,
A hora se esvaía em teu abraço…

Bem hajas, doce lava de um vulcão!
Um dia hás-de sentir o coração
Levado nas torrentes do amor…
Com toda a viva força do tei peito
A fama grangearás sem preconceito
Olhando a vida sem qualquer temor!


                              José Sepúlveda

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Maçã que voa

Essa maçã…
          Ao meu amigo Arnaldo Macedo

Essa maçã que voa em liberdade
Cruzando terra e mar, o imenso céu,
Qual pária ou peregrina e que não sabe
O rumo do destino que escolheu…,

Que segue pela estrada da saudade
No tempo sem ter tempo, azul ou breu,
Persiste em exprimir a liberdade
Que prematuramente conheceu.

E nesse voo livre, tão fecundo,
Com luz e cor se abre para o mundo,
Nessa maçã sem mácula ou pecado.

E o eco que se estende p'las montanhas,
Desventra seu viver, suas entranhas,
Num longo e eterno grito apaixonado!


José Sepúlveda

Natal da Minha Aldeia


Natal na minha aldeia

Saudades dessa minha eterna aldeia
Perdida num recanto, lá no Minho...
A natureza as vezes nos premeia
Fazendo-nos lembrá-la  com carinho

Como era bom entrar,  a casa cheia,
A árvore, os enfeites de azevinho
E na lareira o fogo que se ateia
Pra dar maior conforto ao nosso ninho!

O pai Armando, alegre, dava o mote
E toda a pequenada ia a reboque
  Cantando com louvor ao Deus-Menino...

E quando a noite vinha, já sem luz,
Ansiosos esperámos Jesus
Co'as prendas para o nosso sapatinho!

José Sepúlveda



Deixa-me ouvir


Deixa-me ouvir

Deixa-me ouvir a tua voz suave,
Rasgar o céu em doce  melopeia,
Abrir teu coração para que grave
O mavioso som na lua cheia

Que o grito do silêncio não apague
O fogo intenso e forte que encandeia
Os nossos corações mas neles guarde
O brilho desse olhar que me incendeia

Quem sabe se ao raiar da nova aurora
A bruma e a tristeza vão embora
E todo o sofrimento que em ti vive

Se apaguem nessa  noite de luar,
E num abraço, puro e singular,
Tu possas, meu amor, sentir-te livre!


José Sepúlveda

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Fénix

Pintura de Kika Luz

Fénix


Perdi-me nos teus olhos…  E o destino
Teus olhos me levou p’ra o fim do mundo
E vagueei na terra, peregrino
Como se fora um pobre vagabundo

E todos os meus sonhos de menino
Se dissiparam nesse vale profundo.
Fiquei á vaguear só e sem tino
Buscando a luz num túnel sem ter fundo

E, quando em desespero, sem esp’rança,
Quis pôr um fim a esta má lembrança,
Lançando ao esquecimento toda a dor,

Das cinzas ressurgia nova vida,
Contigo… Tu voltaste, linda amiga,
Trazendo nova força ao nosso amor!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sabina Sou

Pintura de Sabina Figueiredo

Sabina ….. sou

Deixai que o sentimento de mudança
Que vibra nas entranhas de meu ser
Transforme um lindo sonho de criança
Em telas transbordantes de prazer

Deixai-me ouvir a voz da esperança
Livrar-me das amarras, renascer
Num novo circuito de bonança
Liberta dos grilhões do meu viver

E ao raiar da aurora hei-de mostrar
Com traços de magia singular
O meu pintar tão cheio de ilusão

E em cada quadro irei a cada instante
Levar ao mundo aquela voz vibrante
Que faz pular tão forte o coração!

O meu azul

O meu azul
Poema de José Sepúlveda
Produção de Sara Lima


O meu azul

Vesti-me desse azul que vive em mim
E, quando despertei, tive o ensejo
De nesse azul de luz sentir, por fim,
Dentro de mim a cor de meu desejo

O meu azul celeste, multicor,
Aonde a luz, a cor e a poesia,
Na simbiose mística, indolor,
Me desse o seu dulçor, sua magia.

Passei a navegar num mar de luz
E nesse mar sem fim, fazendo jus
Ao meu azul celeste, sonho lindo…

E só então tomei a decisão
De no silêncio, abrir meu coração
Ao tom azul celeste, eterno, infindo!

José Sepúlveda

SONHO

Sonho
Eu quero ser Poeta, talvez louco,
Daqueles a quem nada satisfaz,
Eu quero nesta vida ser capaz
De desventrar as coisas, pouco a pouco.
Viver a vida, o sonho, a ilusão, 
Na efémera esperança de encontrar
Os trilhos desse incerto caminhar
Que há-de alimentar essa paixão.
Eu quero s er poeta sonhador,
Sentir o desvio que acarreta 
Ficar na dependência de uma pena,
Se, nesse anseio, em busca desse amor,
Concretizar o sonho e for poeta, 
A vida será sempre o meu poema!