'História duma criança pobre
Que vive com a mãe
E teve por pai um prisioneiro
E por padrinho um carcereiro
Que lhe chamou Liberdade'
Filhos da terra e de ninguém,
Abandonados por quem
Os ama, os quer, os tem…
Tu, filho da terra.
Tu, gerado
Das lavas de um vulcão ébrio,
Ficaste abandonado
Sem nome, sem fado!
Tédio!
Tédio para os homens sem remédio!
E foi o padre, deixai-me pasmar,
O padre da aldeia que a foi baptizar
Filhos da terra e de ninguém,
Prisioneiros revoltos
Dos cárceres soltos do além…
Tu, carcereiro odiado,
Tu, filho de ninguém,
Foste o padrinho
Do rebento abandonado
Que vive com a mãe!
A alma tua
E a tua desventura
São a esperança de felicidade
Para essa criança
Que vai sentir piedade
De gente malvada…
E tu, filho do nada,
Filho da ternura,
Apenas lhe chamaste
Liberdade!
Ó prisioneiro do além.
Que busca essa verdade
Nas celas e nas lutas,
Prisioneiro por caridade
Que foge das garras de tigres famintos
Das savanas corruptas!
O filho és tu,
Seu ser a liberdade
E tu, pai, o teu prisioneiro!
“… e o preso viu fugir-lhe a Liberdade
Nos braços da mulher do carcereiro!”
José Sepúlveda
(Arca de Quimeras)
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