segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O Natal da Vaquinha

Com muita honra e prazer
Venho aqui anunciar
Que uma linda mulher
Veio em meu leito gerar

Chegaram de Nazaré
Após longo caminhar
E nem ela nem José
Tinham onde pernoitar

Esta minha manjedoura
Vai ser o repouso seu
Há melodias lá fora
São os anjos lá do céu

Vou dar‐lhes o meu cantinho
Humilde para dormir
Olha‐me bem o menino
Que não para de sorrir

Burrico, vem por favor
Nesta noite longa e fria
Dar um pouco de calor
Ao menino e a Maria

Estou contente e feliz
Nesta noite iluminada
Co'a senhora e o petiz
Estou bem acompanhada

Andam cânticos no ar
São os pastores á porfia
Parecem querer cantar
Para Jesus e Maria

Chorai, ó homens sem tino,
Bradai alto em tristes ais
Lançastes este menino
Neste curro de animais

Sinto o coração em brasa
E esse sentir é profundo
Pois nasceu na minha casa
O Salvador deste mundo

José Sepúlveda

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quarenta anos depois...

Um ano e outro ano, minha amada…
Pudemos nesse dia relembrar
Os dias  de aventura apaixonada
Que um dia prometemos partilhar

Penoso e longo o nosso caminhar
Com rosas e espinhos na jornada
Coragem sem limite a derrubar
As pedras de tropeço dessa estrada

E agora, ao declinar o sol poente,
Olhamos para trás como quem sente
Tristezas, alegrias sem medida…

E neste humilde lar que Deus nos deu
Eu vejo em ti a estrela do meu céu,
Meu verso, meu poema, minha vida.
José Sepúlveda

Lágrima

Lágrima

Seguia de mão dada pela estrada
Lançando para o filho um meigo olhar
A sua mente assaz preocupada
Por não ter alimento pra lhe dar

Os tempos são de míngua, são de mágoa...
E nessa luta atroz de cada dia
Um pouco de alimento, um copo de água
E a fome e a tristeza se alivia

Parou num contentor, abriu confiante...
a sua expectativa num instante
Se esvaneceu... ali não tinha nada

E ocultando o seu sorriso lindo,
Seus olhos, rio de água se esvaindo,
Um pouco de pão duro lhe entregava…

José Sepúlveda

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sereia



Sereia

Fui ver o mar… Lá longe, bem distante,
Eu vi uma sereia que, a cantar,
No seu bailado alegre e triunfante. 
Lançava sobre mim um doce olhar

Sereia azul, tão bela, cativante,
Com teu olhar sereno, de encantar,
Além, no horizonte, num instante
Meu coração quiseste conquistar

Deusa do amor, se um dia te encontrar
Nas águas mais revoltas desse mar,
Eu hei-de-te abraçar, meu dom superno

Que desde que pulsaste no meu peito,
No teu amor intenso me deleito
Na esperança dum abraço imenso, eterno!

José Sepúlveda

Poetas



Poetas

Quantos poemas fiz, quantas belezas
Mandei a meu amor quando era meu,
Quantas loucuras vãs, quantas vilezas
Ridículas contei, quantas, ó céu!

Chamaram-me poeta, quais nobrezas!
Que és tu, irmão poeta, mais que eu?
Poemas são palavras, são certezas
Que a mais singela frase enterneceu.

Poetas somos nós, é toda a gente
Que vive neste mundo e é somente
A forma de escrever que em nós varia

Se alguns dizem poemas a cantar,
Também os há que os dizem sem falar
E quem, silente e só, faz poesia!

José Sepúlveda

São Rosas


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Beijo



Beijo

Que doce esse teu beijo apaixonado!
Ai como é bom sentir teus låbios puros
E de repente ver me acorrentado
A sentimentos nobres tão maduros

E canto para ti o nosso fado
Saído destes lábios inseguros
E vamos caminhando lado a lado
Galgando derribando imensos muros

Trilhemos pois amor nosso caminho
Amando, partilhando esse carinho
Que em sonhos nos clama a todo o instante

E quando, no fragor desta paixão,
Sentirmos como é bela este união,
Entao, tu serás minha eterna amante!

José Sepúlveda
Musa
Eu quero ouvir os sons, essa harmonia
Que a musa com seus versos te cantou,
Eu quero ouvir o tom e a melodia
Cantados quando a vida te entregou!

Ó areais sem fim, que dor sentia
Quando, abraçada a vós, se confessou!
Falai-me, por favor, da nostalgia
Que um dia a luz do dia lhe outorgou!

Eu quero acreditar: Toda a tristeza
São laivos de amargor e de incerteza
Que quando, ó mar, trouxer em seu clamor

Tu vais querer findar essa agonia
E vai raiar por fim um novo dia
Em que ela encontrará seu grande amor!

José Sepúlveda

Joana


Memórias de Joana

Joana, aqui das Minas do Lousal
Eu ouço e canto o grito do teu peito
A tua luta entre o bem e o mal
Num tom harmonioso, tão perfeito

E paro e reflito... É que, afinal,
Levado neste enleio, me deleito
Em teu singelo e doce versejar
Com gestos maternais e de respeito

Por isso, joaninha, aqui eu canto
Em melodias simples esse encanto
Em descobrir teu coração amigo

E ao penetrar ousado em teu viver
Eu acabei enfim por perceber
Que a vida faz agora outro sentido

José Sepúlveda

Ana Cláudia

Ana Cláudia

Perdi-me quando a ouvi falar um dia…
Minha alma se sentiu apaixonada
Sentindo tudo aquilo que dizia
Cantando versos, alta madrugada

O tom de sua voz, serena, calma,
Nos transmitia temas de encantar
Saídos das entranhas de sua alma
E eu extasiado a ouvir cantar

Não deixes nunca que esse teu talento
Se veja ultrapassado pelo tempo,
Mas grita com vigor, com alegria

Que é belo, nobre e forte o sentimento
Que vive na raiz do pensamento
E salta do teu peito em poesia

José Sepúlveda

Esperança



ESPERANÇA

Que ventania, amor, é forte o vento
Que sopra impiedoso sobre o mar,
Varrendo num instante o pensamento
De dias tão felizes a cantar.

Olhando para trás, num só momento
Vivido na esperança de te amar,
Ficou cá dentro um triste sentimento
De frustração e medo a torturar.

Agora, quando olho em teu olhar,
Procuro nos teus olhos encontrar
Os dias de bonança, o teu calor…

Vestido de esperança, hei-de ficar
Na ânsia de ainda um dia despertar
Teu coração para este imenso amor…

José Sepúlveda
Encontro


Atravessava a rua lentamente
E, de repente, vi-te do outro lado
A espera do autocarro que, atrasado, 
Parava ali na estrada indiferente


Entramos e ficamos frente a frente
Silentes, sorridentes, lado a lado
Trocámos um olhar mal disfarçado
E nosso coração saltou plangente


A voz da alma, só, gritava aflita
Num abafado som como quem grita
E sente amordaçado o seu clamor


E num momento imenso e subtil
Trocámos novo olhar, sorrisos mil,
E no silencio um grito: meu amor?

José Sepúlveda

Teus Olhos

Teus olhos

Quanta beleza encerra teu olhar 
Quanta beleza amor, tanta harmonia...
Meu coração não para de saltar
Ao contemplar-te, amor, quanta alegria!

E num silêncio louco de pasmar
Eu fico por aqui nesta agonia
E sem saber como te hei-de amar
E seres tu o amor que eu tanto qu’ria.

Quisera que algum dia chegue um dia
Coberto de ternura, de alegria
E num abraço puro e singular

Eu possa partilhar esta paixão
Que sinto em meu singelo coração
Que não se cansa nunca de te amar

José Sepúlveda

Noturno

Noturno

Durante a noite conversei com a treva,
Falei lhe deste nosso estranho amor
E perguntei-lhe aquilo que me leva
A esta relação que nos traz dor

E disse-me em silêncio: - O que te leva
A esta vida, trágico esturpor,
É essa teimosia que te eleva
Aos píncaros da glória sem valor?

- Se queres prosseguir nesse caminho,
Em cada rosa encontraras espinho
Que vai trazer-te dor, deixar ferida…

- Ouve meu grito, aqui do meu desterro
Nao queiras mais permanecer no erro
E dá um novo rumo à tua vida!

José Sepúlveda
Anita

Anita, vejo em ti essa menina
De longa cabeleira que algum dia
Eu encontrei na estrada, peregrina,
E com subtil olhar p’ra mim sorria.

Cruzamos nossas vidas. Nossa sina
Cresceu de braço dado e a harmonia
É para nós candeia que ilumina
O nosso amor tão cheio de alegria.

Não deixes que resquícios do passado
Se venham interpor ao nosso lado
E tragam até nós tristeza ou dor.

Eu sei que mesmo o vale mais profundo
Não há-de por em trevas este mundo
Que aos poucos construimos com amor!

José Sepúlveda

Desejo


Desejo

Almejo reencontrar-te, Cristo amado, 
Entrar nesse teu peito, em tua mente,
Contar-te as mágoas que minha alma sente,
Sentir o teu perdão desinteressado

O brilho dos teus olhos, eloquente
Licão de paz, de amor e de harmonia,
Faz-me sentir conforto e alegria
E torna a minha vida tão diferente

Abre meus olhos, quero despertar
Da minha letargia, reencontrar
A paz que faz viver serenamente

Ó! Não desvies teu olhar do meu
Eu sei que ainda um dia lá no céu
Nós vamos viver juntos para sempre

José Sepúlveda

Prece


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Angélica


A Angélica partiu, foi descansar. Até logo, Angélica

Angélica

Do teu esquife, de sorriso aberto,
Olhavas para mim com terno olhar…
Teu coração estava já liberto
Daquela escravatura de pasmar

Olhei pra ti em tua graça infinda;
Sorrias tal qual foras minha mãe
E vi no teu olhar - coisa mais linda! -
O outro meu sorriso que Deus tem

Aliviada agora  dos teus fardos,
Tristeza, solidão, espinhos, cardos ,
Transportas esperança no teu peito

E lá no assento etéreo, junto a Deus,
Tu vais reencontrar os filhos teus
E um novo mundo, puro, são, perfeito!


José Sepúlveda

sábado, 17 de agosto de 2013

Oração

Senhor, não tenho forças p’ra pensar.

Se penso, o meu pensar não é seguro,
Se espero, essa verdade que procuro
É meu sofrer, Senhor, é meu penar

Quando em Ti vivo, vivo p’ra sonhar
Com sentimento são, imenso, puro.
E brilha a luz no meu solar escuro,
E sinto ânsia infinita de cantar

Desculpa, Deus, desculpa, Pai Celeste,
Meu coração sem cor, minha alma agreste
Que vive a profanar queixumes seus.

A minha crença em fogo prevalece!
Eu posso tudo em quem me fortalece!
E eu sei que a minha força és tu, Meu Deus!

José Sepúlveda

Junto ao Mar

Junto ao mar

Voai, esvoaçai, lindas gaivotas,
Voai a minha volta com prazer,
Trazei-me a minha paz em suaves notas
E dêem alegria ao meu viver

E nas vossas canções tão sãs, devotas,
Eu sinta paz, ouvindo a voz do mar
E dentre as melodias, notas soltas,
Encontre em mim vontade de as cantar

As águas mil se estendem sobre a praia
E o mar sereno quase que desmaia
No areal sem fim à minha frente

E e oiço a encantadora melodia
Que cantas para mim durante o dia
Num suave levitar, puro, silente!


José Sepúlveda

 Deriva

À Deriva

O breu oculta a minha face escura ...
Porque será, meu Deus, que vivo triste
Porque será que o mal que em mim existe
Resiste em libertar minha alma impura

Que vida triste, cheia de amargura,
Olho pra mim e a mágoa que me assiste
Insiste em querer ficar meu ser resiste
E quase se aproxima da loucura

Não quero este viver, esta ansiedade.
Quero gritar à vida, à liberdade,
Reencontrar meu sonho já perdido…

Se um dia em meu clamor, em meu tormento,
Reencontrar por fim meu pensamento,
A vida então vai ter novo sentido


José Sepúlveda

domingo, 11 de agosto de 2013


Arquiteto de palavras 

Ó alma irrequieta, o que te leva
À tua estranha forma de viver?
Ora navegas ente a luz e a treva,
Ora mergulhas num brutal sofrer

O que te arrasta a essa vida cega
Que faz de ti o mais estranho ser? 
És alma que se afirma, se renega,
Que vive intensamente  e faz viver

Tu és um arquiteto de palavras:
Apanha-las em bruto e quando as lavras
Tu dás-lhes vida, luz e movimento…

Pasmai, homens sem credo, vá, reparem
Que quando estas palavras se cruzarem 
Ninguém irá calar seu pensamento!


José Sepúlveda

Serenidade


Serenidade

Eu hoje, ó Pai, senti imensa paz
Ao vir a tua Casa de Oração,
Gozei desse silêncio que nos faz
Sentir amor e paz no coração

E é puro o sentimento pois nos traz
Momentos de deleite, adoração…
É uma sensação que nos apraz
E induz à paciência, à reflexão 

Ai, como é bom viver o a,Amor, ó Deus,
Sentir abrir as portas la do céus,
Ouvir suaves cânticos, louvor!...

E no silêncio ouvir dizer: - Meu filho,
Eu sinto me feliz pois vejo o brilho
Do teu olhar refletindo o meu Amor!


José Sepúlveda

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Este poema lindo


Receita para fazer um poema


Receita para fazer um Poema

Pegamos num braçado de rosas com espinhos
Juntamos- lhe pitadas  de amor e de carinhos.
E lavamo-lo com restos de tristeza,
Adicionamos sabores 
De irreverência e de beleza.
E batemos forte, com destreza,
Até sentir cansaço!
Deixamos apurar com ventos e marés
Polvilhando a seguir  com um abraço.
Adorna-se com penas e com flores
E sabores a maresia,
Juntam-se pedacinhos de ilusão e de magia
Com pitadas  do mais lindo alvorecer…
Apura-se com raízes de paixão
E pigmentos de euforia e deixa-se ferver
Em perfeita sintonia.
Enfeita-se com pitadas  de absinto e de jasmim.
E recheia-se com sonhos e quimera
E fica assim, durante um pouco,
Em banhos de frenesim, à sua espera.

Serve-se louco.

terça-feira, 23 de julho de 2013

De manhã


Despertei de manhãzinha
Ao canto de um passarinho
E foi p’ra ti, queridinha
O meu amor e carinho

Ao ver os prados, os montes,
Essas belezas sem fim,
Meus olhos são duas fontes
Porque estás longe de mim

Fecho os olhos. De repente,
Tento no céu encontrar
Esse sorriso silente
Que cintila em teu olhar

Vem para mim, vem depressa
E rejeita o despudor
De tudo o que se atravessa,
Afrontando o nosso amor.

Se eu soubesse

Ai se eu soubesse, Amiga! Sei agora
Dessa tristeza e imensa solidão,
Que te atormenta a alma, que em ti mora
Trazendo sofrimento, escuridão.

Se é triste o sentimento que hora a hora
Te vai atormentando o coração,
Liberta-te depressa, lança-o fora
Desse teu peito cheio de paixão.

Escuta, amor, não deixes que o lamento
Insista em perseguir-te o pensamento
E foge dessa tua escravidão.

E então, irás sentir desde esse dia
O renovar da força, da energia
E a poesia vindo em profusão.

José Sepúlveda

O teu sorriso

O teu sorriso lindo que aqui vejo
Olhando para mim com meigo olhar
Me traz muita alegria e um desejo
De ver-te numa flor desabrochar

Olhando para ti, sinto o ensejo
De, como numa noite de luar,
Te ver brilhar ao som de um doce harpejo
Em brisa suave, silente sussurrar

E me deleito e inalo o teu perfume
Com sentimento puro, sem queixume,
Das coisas que te causam maior dor

E olhando nos teus olhos te sorrio
Lançando no teu peito o desafio
De te agarrares à vida sem temor…


José Sepúlveda

Fado

Perdi-me em teu olhar, quanta alegria
Eu sinto quando olho para ti
Procuro esse sorriso e simpatia
Que emana dos teus olhos, me sorri

E todo o sofrimento, nostalgia,
Do tempo em que no tempo me perdi,
Olhando nos teus olhos se esvazia
Nesse sorriso lindo que em ti vi

Não percas teu sorriso, essa alegria,
Quem sabe, se amanhã, se um outro dia
Nos vamos encontrar e doravante

Te vais cruzar comigo em qualquer lado
Fazendo do teu fado o mesmo fado
Que canto para ti em cada instante

Os teus poemas

Ao ler os teus poemas, num instante
Eu sinto o coração a saltitar…
Descubro neles uma vida errante
Partindo à descoberta de outro mar

E nesse trilho agreste, cativante,
Tão cheio de volúpia, de prazer,
Não ouso descobrir a eterna amante
Mas antes o fascínio de escrever

E quando a tua mente me desperta
Com pena sensual, mais liberta,
O coração exulta de alegria

Por isso, aqui, à laia de homenagem,
Te peço: mantém sempre essa coragem

E deixa-te esvair em poesia!

São Rosas

Olhava para mim apaixonada
E passeava à volta, em meu jardim,
Tentava desvendar o o que encontrava
Nas coisas que guardava para mim

E enquanto em meus segredos mergulhava
Tentando descobrir coisas assim,
Num tom apreensivo, perguntava:
- Que levas no regaço, querubim?

E nesse turbilhão de pensamentos,
Tentando controlar os sentimentos
Que possam dar tormentos, trazer dor,

Tentando aliviar a sofridão,
Abri de par em par o coração,
Mostrando-lhe: - São rosas, meu amor!