sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Aridez


Aridez

Perdi-me no mundo
Num mundo as avessas
Saí num segundo
Por poetas travessas

Ao ver me perdido
Tristonho e sem norte
Meu corpo ferido
Esvaiu-se na sorte

Segui pela estrada
Buscando saída
Uma alma penada
Perdida na vida

No meu rumo incerto
Silente, sózinho,
Do longe fiz perto
Trilhei meu o caminho

Errante, à deriva,
Que triste sentir
Minha alma ferida
Não quer desistir

E vi num rochedo
Tão frio e sem cor,
Surgir sem ter medo
A mais linda flor

Um grito, um apelo;
Sorri de contente
Um quadro tão belo
Surgiu-me na frente

Corri confiante;
Quem sabe, algum dia
Regresse num instante
A paz e a harmonia

José Sepúlveda

Perdido


Perdido
Perdi-me no caminho. De repente,
Qual pária, triste e só, eu fiz-me à estrada
Sózinho, como vão delinquente, 
Chorando, com minha alma amargurada.
Deixei meus sonhos. E eis que, indiferente,
Parti para uma longa caminhada...
Pra trás deixei amigos, muita gente
Que ao meu viver já nada acrescentava.
E vagueei por vales e florestas,
Dormindo em matagais, entre as giestas,
Embebedado em noites de luar.
E nessa solidão imensa e pura,
Bem longe dos caminhos da amargura,
No meu silêncio a paz fui encontrar!
José Sepúlveda

Diana Bar


Diana Bar

Diana Bar, recanto de poetas
Que ali procuram paz p’ra se inspirar.
E vão por prateleiras e gavetas 
Buscando textos para se inspirar.

E quando em horas mortas, mais discretas,
Nós vamos até ali p’ra ver o mar,
Alguns fazem erguer suas canetas
Como quem diz: - Estou a versejar!

Diana Bar. Há muito, no passado,
Eu via o Régio ali acompanhado,
A ver o mar, olhando, sem ter pressa.

E às vezes, ao passar, informalmente,
Paravamos ali à sua frente,
Trocávamos dois dedos de conversa.

José Sepúlveda

Abigail, um ano depois


José Sepúlveda

Grato ao poeta Pedro Lima pelo carinho

Lu Breda


Paula Fernandes


A voz do amor



A voz do amor
Se ouvires a voz do pássaro cantar
Quando nascer o sol, de manhãzinha,
Sou eu a soletrar o verbo amar
Que vive no meu peito, queridinha.
Se ouvires a voz do vento que ao soprar
Leva em suspiros uma voz tão pura
Aceita esse meu sopro que beijar
Te quer o peito cheio de candura
Se ouvires a voz do mar no seu lamento
Levando para ti o sentimento
Dessa saudade imensa que aqui vivo
Transforma-te num pássaro de lira
Voando para mim e em mim respira
E não esperes mais, fica comigo!
José Sepúlveda

Meu querubim


Meu querubim
Voavas com teu véu de seda pura
Naquela linda noite de luar
E para enaltecer tua candura 
Os anjos deleitavam-se a cantar.
E o teu corpo, esbelta criatura,
Desnudo ao vento, solto e a voar,
Sorria e me trazia essa ternura
Às ondas mais serenas do meu mar.
E enquanto o corpo teu transparecia
No céu de anil, tão cheio de harmonia,
Meu coração te canta e te sorri
.
E com imenso amor te transmitia
O seu fulgor, o amor que recebia
Do querubim amado que há em ti.
José Sepúlveda

Rosa


Quantas pétalas formosas
Caindo sobre o teu ser
Espinhos? Vê bem que as rosas
São perfume em teu viver!
José Sepulveda

Querubim


Querubim
Se um dia despertar e não te vir,
Nao te encontrar feliz na minha frente,
Se não te vir sonhar, te vir sorrir,
Então, amor, morri, parti pra sempre!
Tu és o meu farol, a minha vida,
O coração que bate sem parar,
Sem ti não sei viver, minha querida
Não tenho inspiração pra versejar.
Fica comigo, amor, fica comigo,
Viver sem ti não faz qualquer sentido,
Dá-me teu peito aberto em frenesim.
E quando tu me deres o teu abraço
Viajarei sem tempo e sem cansaço
No teu abraço imenso, querubim!
José Sepúlveda

Radio Matosinhos


Rádio Matosinhos On-line 
Carla Robeiro à conversa com 
José Sepúlveda e Amy Dine

Alvura



Quão alvo e puro é teu peito,
Deleite de minha mão...
Afago-o com respeito
Ao ouvir teu Coração
Seu tom suave, pureza
Que brilha no Meu olhar
Encerra rara beleza
Nessa alvura de encantar
Deixa- me beija-lo, amada,
Com amor e frenesim
E nem preciso mais nada
Pra te sentir junto a mim

Meu rio lindo


Meu Rio Lindo
Nao é desse meu rio que vos falo...
O cheiro a alfazema e a perfume
Partiu há muito tempo e eu não calo
A minha dor à qual nao sou imune.
Não vi a boga, o barbo e o escalo
Correr desenfreados em cardume...
Apenas vi um charco imundo e ralo
Fedendo a peixe morto e a estrume!
O rio cristalino, fresco e puro
Desliza em turbilhão, lento inseguro
Para o seu mar ainda lá distante...
E em sua mancha espúria arrasta ainda
Um manto de verdura fresca e linda
Que o segue num cortejo agonizante!
José Sepúlveda


O Jardim de Amy


O Jardim de Amy
Aquele pedacinho de roseira
Que com amor plantamos num vazinho,
Enfeita agora a nossa floreira
Em cima desse toalhão de linho
Luis, Miguel e Pedro à dianteira,
Gerados com amor e com carinho...
E o pé de rosa encheu a casa inteira
Com rosas que perfumam o caminho
O Hugo, a Joaninha e o Martim
Abigail e Marcos... um jardim
Que tem as flores mais lindas que já vi...
Gerados com amor e com paixão,
Trouxeram muita paz, muita união,
Ao nosso lar de amor, graças a ti!
José Sepúlveda

Vazio


Vazio
Este vazio intenso que me cerca
E faz de mim um corpo sem valor
Me está a conduzir a coisa incerta
Que nunca me trará qualquer favor
A falta de vontade é a porta aberta
Pra rumos sem ter rumo e esta dor
Traz sofrimento atroz e não desperta
Qualquer desejo seja p'ra que for
Não sei o que fazer pois na verdade
Não vejo uma saida que a vontade
É coisa que morreu dentro de mim
E sinto que esta falta de sentido
Me faz peregrinar com o perigo
De descobrir que tudo tem seu fim
José Sepúlveda

Mar revolto


Mar revolto
O grande Adamastor vagueia à solta
Durante as marés vivas lá do mar
E grita furioso e em revolta
Durante toda a noite sem parar
O povo assiste aflito e impotente
Temente do que vai acontecer
E junto às dunas chora - pobre gente ,
E solta os seus lamentos, seu sofrer
Ó mar revolto, pai do Adamastor,
Porque te esvais em ondas de terror
Perdido nesta luta nua e crua?
Não vês que o povo sofre e num clamor
Está chorando com tristeza e dor
Vivendo essa revolta que é só tua?
José Sepúlveda

Natura


Natura
Caminho na natureza
No meu lento caminhar
Descubro toda a beleza
Que a natura me quer dar
Maça de cuco, alecrim,
Erva azeda e açafrão,
Pêra de zimbro, azevim
E até dente de leão
Urtiga brava e amora
Rosas de toucar além,
Girassol que segue a hora
Em que o seu sol vai e vem
Centeio, trigo, cevada,
Nabiça, couve galega,
Uva doce avermelhada
Que nos torna a mente cega
Maça branca, vermelhinha,
Pera rocha, boa ameixa,
Diospiro, fruta fina,
Mas a gente não se queixa
Geribéria, cravo, rosa,
O malmequer espalhado
Lírio roxo e mariposa
Voando por todo o lado
Num passeio campesinho
Cheio de cor e magia
Eu me sinto um peregrino
Cheio de paz e alegria
Persigo-te face a face
Quando caminho ao sol-por
E a vida nasce, renasce
Nos teus olhos, meu amor
José Sepulveda

Sorri

Sorri
Sorri, amor, eu quero o teu sorriso,
Sorri quanto estiver no teu regaço
E nesse olhar sereno e tão preciso
Me perderei com teu imenso abraço
Sorri, o teu sorriso brando, lindo,
Não deixa de me dar paz e alegria
O teu sorriso, amor, perene, infindo,
É meu deleite, gozo e harmonia
Sorri para meus olhos e acredita
Que se este meu olhar te chama e grita
É por te ver sorrir com tal candor
Por isso, minha amada, sorri sempre
E ter me as no teu olhar presente
Num longo e terno abraço, meu amor
José Sepulveda

Blonde


Blonde, a cantora,
(Imitando Camões in: Raquel a pastora)
Três anos a trovar Jofar seguia
O coração de Blonde, linda e bela
Não era o coração, seria a ela
Que o jovem trovador almejaria
É um dia na esperança de outro dia
Olhava-a, contentando-se com vê-la.
Porém, Avaro, usando de cautela
Com sua voz suave lhe fugia
E ao ver-se assim, frustrado por enganos,
E a sonhar com sua sedutora,
A tão formosa Blonde, sua querida,
Lá foi seguindo o sonho além dos anos
Dizendo: mais seguira se não fora
Tão célere, perene e curta a vida!
José Sepúlveda (decalcando Camões)

Guida Esteves


Vamos ver o mar


Vamos ver o mar
Ó! Vamos ver o mar, meu amorzinho?
Iremos de mãos dadas pela areia
A partilhar amor, muito carinho,
Deixar-nos enlevar na maré cheia
Gravamos nossos passos no caminho
E ouvimos lá no mar a melopeia
Das ondas que sussurram bem baixinho
E deixam nossa alma cheia, cheia
E quando uma gaivota esvoaçar
E no seu canto tão peculiar
Cantar a melodia do amor
Eu hei-de sussurrar no teu ouvido
O grande amor aqui por nós sentido,
Vivido neste mar de tanta cor
José Sepulveda


Não chores



Não chores
Não chores, meu amor, não vês que um dia
Nós vamos caminhar na eternidade
Por verdejantes prados e a alegria
Vai ser para nós feliz realidade?
Não vês que o sol que brilha no horizonte
Nos vai iluminar e dar alento
E as águas vão jorrar em cada fonte
Tão frescas, cristalinas, todo o tempo?
Não vês, amor, que as aves vão cantar
De manhãzinha, enquanto o sol brilhar,
Trinados mil tão cheios de beleza?
Não chores, meu amor, declina o sol,
Mas logo de manhã, ao arrebol,
O sol virá beijar-nos, com certeza!
José Sepúlveda

Papoula


Papoula
Fui-te encontrar tão pura, tão brilhante,
Esvoaçando ao sol, ao frio, ao vento,
Num prado avermelhado, verdejante,
Inspiração do nosso pensamento!
Papoula linda, és em cada instante
Fragilidade, cor e sentimento,
Caricia aveludada e elegante,
Em pétalas levada num momento
Delicadeza e luz, quanta beleza,
Na tua concepção! Tenho a certeza
Que quando já nas mãos do Criador
Ele te olhou com seu tão meigo olhar,
Beijou-te com amor e que ao soprar
Sorriu quando te viu voar no amor!
José Sepulveda

Momento


Momento
Encosta a tua face no meu ombro
E deixa que o silêncio, sem assombro,
Transmita o que ele tem pra nos dizer
Olhemos um pro outro apaixonados
Despidos de pudores, mergulhados
Em horas e minutos de prazer
E, quando despertarmos, nosso olhar
Possa gritar silente e se calhar
Cantar o que nos vai no coração
E envoltos nesse amor tão puro e doce
Amemo-nos assim como se fosse
Um cândido sentir desta paixão
Jose Sepúlveda

A Gazelinha


A gazelinha
Havia uma gazela que vivia
E vagueava entre os pinheirais
E quando algum perigo pressentia
Corria e não se via nunca mais
Saltava e espreitava. E todo o dia
Andava espavorida entre animais
E era vê-la em louca correria
Brincando e saltitando entre os pardais
Mas numa tarde a pobre, de repente,
Ouviu ruídos e ao pressentir gente
A frágil gazelinha teme e chora
E numa moita densa, oculta, atenta,
Vigia o predador que em tenta, tenta
Segui-la . Depois, desiste e vai-se embora!
Jose Sepúlveda

Impulsos


Se mesmo os nossos cabelos
São motivo de atenção
Porque não o são os belos
Impulsos do coração?
Sep.

Poemas


Poemas
Poemas são nossas vidas
E a de muitos animals
Poemas são vendavais
E arvores ressequidas
Sao flores transformadas
Em pétalas no jardim
Bem cheirosas , perfumadas,
Rosas, tulipas, jasmim
Poemas são mil carinhos,
Mil abraços, mil beijinhos
Cantados por leve pena
Poemas são mil ternuras
Que me dão as mãos tão puras
Do meu mais lindo poema
José Sepúlveda

Aposentado


Ao abrir minha janela
Pra respirar um bocado
Entrei na boa-vai-ela
Fiquei solto, aposentado!


Chiiiiuuuuu


Chhhiiiuuuuuuu ( A língua )

A dita e a desdita estão presentes
Na forma de exprimir o que se pensa,
Transforma e manipula as nossas mentes
E grita e silencia a dor intensa.

Espada de dois gumes! Não intentes
Confrontos desiguais; estrada imensa
Com obstáculos mil, ranger de dentes,
E mágoas, quer se perca quer se vença.

Põe freio nas palavras, não te iludas:
Ás vezes soam falsas como Judas
E trazem até nós grande penar;

P'la boca morre o peixe, diz a gente!
Não queiras ser tragado, sê diferente
E marca essa diferença no falar


Beijinho-de-amor


Beijinho-de-amor
Caminho debruçado sobre a areia
Na esp'rança de encontrar beijos-de-amor
E vejo com surpresa a praia cheia
De conchas e conchinhas - quanta cor!
Ao longe, a terna e doce melopeia
Do mar beijando a areia com dulçor
Ao som do suave canto de sereia
Quiça, no imenso mar, seja onde for.
E a voz do vento sopra-me baixinho
Um grito de silêncio... E o teu carinho
Me segue nessa imensa caminhada.
E só então, amor, me apercebi
Dos lábios teus e deles recebi
O beijo que minha alma procurava!
José Sepúlveda

Teia da vida


Preso na teia da vida
Sem guarida, sem sentido,
É na teia mal urdida
Que encontro um ponto de abrigo
(Sep)
(Foto de Júlio Aires)

Loucura


Lavam-se as mágoas com tempo,
As tristezas com ternura
Mas nada lava o momento
Em que o tempo é de loucura
Louco sou quando é mais bela
A vida que em mim nasceu
Pois pinto minha aguarela
Nesse cantinho que é meu
José Sepúlveda

Tristeza



Tristeza
Meu Deus, porque verter gotas de sangue
Ao ver dilacerado o coração?
Porque fenece assim meu corpo exangue
Perdido no palácio da ilusao?
Porque padecem corpo e mente em dor
Se nos caminhos tristes desta vida
Em qualquer parte e seja aonde for
Eu vivo uma esperança adormecida?
Lava meu corpo, ó Deus, rasga os tecidos
Deste esqueleto imundo, o sofrimento
Dum mau viver-morrer que paira em mim
E deixa me voltar aos tempos idos
E renovar em mim cada momento
E nunca, nunca mais sofrer assim!
José Sepulveda


Regresso de férias



Regresso de férias
Um calmo despertar neste domingo
Em que o Algarve deixo pra voltar
E neste meu regresso vou seguindo 
Para o conforto doce do meu lar
O sol desponta... Pois que seja lindo
E possa em segurança viajar
Num caminhar seguro, longo infindo
E em nossa casa a paz reencontrar
Ó, como é bom espairecer uns dias
E seja com precalços, alegrias,
Mudar um pouco o rumo desta vida
E um lenitivo assim vou encontrando
Ao viajar em paz de quando em quando
Tornando a nossa vida mais florida
Jose Sepúlveda

A Borboleta

A borboleta
No seu casulo escuro e tão fechado
A larvazita um dia apareceu
E foi permanecendo o tempo achado
Suficiente... E por ali cresceu.
E o tempo se passava e eis-senão-quando
No informe corpo algo aconteceu
E um par de asitas nasce com desmando
E a borboleta linda apareceu
E lentamente se desenvolvia
Num tempo sem ter tempo. Até que um dia
Do seu casulo escuro se fartou...
Deixou essa prisão e de repente
Abriu as suas asas e, imponente,
Lançou-se ao vento... e pelo céu voou !...
José Sepúlveda

Tunel

Tunel

No túnel do infinito 
Quando alço a minha voz
Ouve-se o eco de um grito
Lancinante, aflito, atroz!
(Sep)
Foto de Julio Aires

Silêncio

No silêncio me resguardo
Procurando no escuro
Libertar-me deste fardo
Que albardo num corpo impuro 
(Sep)
Foto de Julio Aires

Desvarios


Desvarios
Responder aos desafios
Que nos fazem casa dia
Nos provoca desvarios
Outras vezes alegrias
Já minha avó me dizia,
Senhora do seu nariz,
Que o escrever poesia
Não é coisa de aprendiz
Aqui vão versos vádios
Em resposta aos desafios
Que me lançaram pró ar
Ainda passo por poeta
Porque está vida indiscreta
Nos anda sempre a tramar
José Sepúlveda

Catraia

Catraia
A tua pata branca, essa leveza
'Stendida se lambias minha mão
Guardava para si dor e tristeza 
Oculta num sofrido coração
Não sei porquê mas eu tinha a certeza
Que nesse poço lindo de afeição
Tentavas-nos mostrar quanta beleza
Guardavas ante a dor e a aflição
A lazarenta pele, feridas mil,
Corriam-te no corpo e em teu perfil,
A fé num permanente renascer
E eis que o coração não mais resiste
E foi nesse momento em que partiste
Que, triste, eu vi quão fútil é viver!
José Sepúlveda