Espelho…
(à laia de soneto)
Quando cheguei ao espelho o meu rosto
E me fitei, ainda com a esperança
Que um dia me encontraria, sem gosto
Fiquei ao ver uns olhos de criança
Velhos, velhos! Com desprazer me encosto
E ali fico tão vário que me cansa
Saber que sou eu e quase que aposto
Que nem eu sou. E já sem confiança
Olho-me bem. Tristeza! Baixo os olhos
E sem querer fito o chão. Só escolhos,
Só lixo. Não, sou só! Porque não vou
Convosco? Somente por cretinice…
De novo, olhei p’ra mim e p’ra mim disse:
- Não posso mais deixar de ser quem sou!...
… e adormeci no sono da vida
José Sepúlveda
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